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quinta-feira, 27 de março de 2014

Dormindo na Maya Bay – Uma das melhores coisas que já fiz na vida



Cheguei em Koh Phi Phi no dia 23/12/2013, e fui direto procurar a store da agência de turismo "Maya Bay Sleep Aboard" utilizando o mapa e as orientações que a empresa havia me passado por e-mail.

Se você não se recorda dessa praia pelo nome, com certeza você já viu ou já ouviu falar na ilha paradisíaca onde foi gravado o filme “A Praia”, lançado no ano 2000, protagonizado por Leonardo Di Caprio. Foi a partir dessa época que as ilhas Koh Phi Phi, situadas no sul da Tailândia e que abrigam à famosa Maya Bay, ficaram famosas e entraram para a lista de praias mais bonitas do globo e destinos mais procurados por turistas do mundo todo.

As ilhas Koh Phi Phi se dividem em duas: Koh Phi Phi Dom e Koh Phi Phi Leh. A primeira é a maior, habitada e repleta de acomodações dos mais variados tipos, bares, restaurantes e vida noturna agitada. É o ponto de partida para quem pretende visitar a segunda ilha, Koh Phi Phi Leh, inabitada e tombada como patrimônio natural e mundial da Unesco, onde fica a famosa Maya Bay.

O Maya Bay Sleep Aboard é a empresa local exclusiva e especializada no tour que leva um pequeno grupo de pessoas para pernoitar na famosa “praia do Leonardo Di Caprio”. Funciona da seguinte maneira: o barco leva aproximadamente 25 pessoas por noite até a praia, onde acontece um jantar com comida típica tailandesa deliciosa (e apimentada também! rs) e uma festinha com luau. Por volta da meia noite todos voltam para o barco para pegar os snorkels e mergulhar para ver o plâncton bioluminescente (sim, igual ao filme, só que ainda mais bonito). Dormimos no barco, assistimos o amanhecer, e voltamos para a praia para tirar mais umas fotos sem a multidão de turistas atrás. A agência, além de ser exclusiva na realização do tour, leva apenas um barco por noite com aproximadamente 25 pessoas. Ou seja, Maya Bay praticamente só para você e com direito a fotos de cartão postal e paisagem cinematográfica, sem a multidão de gente atrás.

Antigamente, o nome original dessa agência era "Maya Bay Camping", pois o tour era ainda melhor: o grupo levava sacos de dormir e acampava na praia mesmo, sob o céu de estrelas. Ocorre que, em 2012, no intuito de reforçar a preservação do local, o governo local proibiu o acampamento e pernoite na praia. Desde então, a forma alternativa encontrada para continuar a realização dos tours foi levar os turistas para dormir no barco, ao invés de passar a noite na praia, razão pela qual a agência ganhou o novo nome “Maya Bay Sleep Aboard”. Como fui em 2013, não cheguei a pegar a época do acampamento na praia, mas sim a pernoite a bordo do barco, e foi magnífico.

Antes de viajar, pesquisei muito em diversos relatos que sempre aconselhavam a agendar esse passeio com antecedência, principalmente para quem estava indo em alta temporada (meu caso), pois, como dito acima, o barco leva somente 25 pessoas por noite. Fiz a reserva com 1 mês de antecedência pelo site http://www.mayabaytours.com/ . De acordo com a disponibilidade mostrada pelo no site, as vagas estavam quase lotadas nos dias em que eu estaria Phi Phi, e eu quase perco o tour. A minha ideia inicial era passar a noite de natal lá, mas a única opção que restou foi o dia 23. Porém, quando cheguei na agência para me apresentar no tour daquele dia a moça se confundiu achando que eu não havia feito reserva alguma, e disse que tentaria me encaixar no grupo. Ou seja, se você está em Phi Phi e não reservou nada, corre lá e tenta. Mas se você ainda está na frente da tela do computador de casa, eu não aconselho a deixar para última hora.

As 15:00hrs eu já estava no barco conhecendo o meu grupo e deixando Koh Phi Phi Dom. Dei sorte com o tempo pois o céu estava um azul impecável, o sol brilhando e batia uma brisa refrescante.
(Chegando em Phi Phi Dom)

(No píer principal)

 (O guia ajeitando os preparativos finais)

(O barco)
No meu grupo haviam ingleses, australianos, franceses e indianos, e eu era a única brasileira. Antes de chegar na praia, o barco pára nos arredores de Phi Phi Leh para fazermos snorkel, quando veio a primeira surpresa. Caí na água, olhei para baixo e vi uma chuva de peixes coloridos passando debaixo dos meus pés. Amarelo, vermelho, azul, preto, rajado e arco-íris. Mil e uma tonalidades e espécies de peixes ao redor e corais ao fundo, no meio da água cristalina. Nunca tinha visto uma beleza tão estonteante como aquela. Não dá vontade de sair da água por nada! Uma pena não ter conseguido comprar a minha Go Pro em Bangkok, não tive como fotografar pois minha câmera não era a prova d'água.







Seguimos de barco mais alguns instantes e finalmente avistamos ELA. Linda, mágica e imponente. De outro barco era possível ouvir a música “Porcelain”, do Moby (música que consagrou o filme). Mesmo sendo clichê, foi demais. Não existem palavras que bastam para descrever esse lugar. Tem que ir até lá. Vale cada centavo, cada hora de avião e cada perrengue.















Depois de dar cambalhotas e andar pelo local igual criança perdida sem conseguir desgrudar os olhos daquele paraíso ao me redor, comprei uma cerveja no snack bar, um pequeno (e único) barzinho que fica na parte de trás da praia, e voltei para perto da água para garantir um lugar estratégico para ver o pôr-do-sol, e relaxei ali por alguns minutos. E então eu entendi porque o próprio Leonardo Di Caprio havia afirmado que aquele era o melhor lugar do mundo que ele já havia visitado em toda sua vida. Se eu tivesse que escolher uma palavra para definir essa praia, eu diria “sedutora”. Pense em todos os sonhos mais lindos e loucos que você já teve, e imagine-os materializados em forma de um paraíso perdido. Um pedacinho mágico de areia branca, água cristalina e montanhas que têm o dom de extrair de você o seu melhor. Seus melhores pensamentos, suas melhores ideias, suas melhores energias, seu melhor “eu”.

O sol se põe atrás da Maya Bay e infelizmente não é possível vê-lo até o final, mas nem por isso o espetáculo natural perdeu seu encanto. Na medida em que o dia ia embora, a multidão de turistas partia também. O céu ao fundo das rochas que dão moldura à entrada da praia era tomado por tons de rosa e roxo, anunciando a chegada de um exército de estrelas, que seria o meu teto naquela noite. Em poucos minutos, a praia ficou vazia de gente e todinha só pra mim.



O nosso guia (infelizmente não me recordo o nome dele), um tailandês extremamente simpático e divertido, tocava Redemption Song (Bob Marley) em seu violão, fazendo com que o grupo se reunisse ao seu redor. Depois de algum tempo seguimos para um local atrás da praia, ao lado do snack bar, onde esteiras de palha nos esperavam no chão, além de um pequeno bar com vários drinks e um jantar de comida típica. No grupo haviam australianos, ingleses, franceses, indianos e eu de brasileira, e a interação foi bem legal, você faz amizade com pessoas de vários lugares do mundo e que vivem em um mundo bem diferente do seu, e claro, aproveita para dar um upgrade no inglês, rs. A noite foi regada de felicidade, paz, violão, diversão e bons buckets. Para quem não sabe, bucket é o famoso baldinho usado como copo para as bebidas na Tailândia. Eles costumam misturar energético ou refrigerante e dois tipos de bebida alcoólica. Em geral vodka e run, ou run e whisky. A combinação é livre e você pode misturar à vontade, se tiver estômago e fígado fortes para aguentar a ressaca no dia seguinte, rs.
(Festinha relax)

(Jogos de habilidade)

Depois do jantar deixei o grupo e decidi dar uma volta na praia. Sem nenhum tipo de energia elétrica e iluminada somente pelas estrelas, me sentei por alguns instantes na areia fofinha, olhando aquele céu digno de cena de cinema, além da brisa fresca que batia em meu rosto. E é também por momentos como aquele que eu afirmo que viajar é uma coisa que te deixa rico, milionário eu diria. Viagens (principalmente para quem vai sozinho) lapidam sua alma e fazem você se encontrar consigo mesmo. Se você é do tipo que não gosta de fazer nada sozinho, você percebe que estar só pode ser essencial em algumas situações, e aprende a respeitar e simplesmente amar a sua própria companhia. E se você já é do tipo independente e que se joga no mundão, não preciso nem comentar =)

Por volta da meia noite, voltamos para o barco que ficou ancorado a alguns metros da praia. Eu estava completamente exausta, quase sem forças para ficar de pé, mas não ia perder o ponto alto daquela noite: o mergulho de snorkel para ver o planctôn bioluminescente. Para quem não sabe, o mar daquela região é abarrotado de pequenos organismos chamados Fitoplâncton. Lembra daquela cena do filme onde a Françoise e o Richard nadam a noite no meio de um milhão de partículas brilhantes no mar escuro? Pois é, só que ao vivo e sem luzes artificiais, o negócio é um milhão de vezes mais lindo. Uma pena ser praticamente impossível fotografar ou filmar o fenômeno. Desconheço a existência de alguma câmera que seja a prova d’água e que tenha um obturador e recursos capazes de registrar o brilho do fitoplâncton em meio à escuridão debaixo d'água. Confesso que de início bateu um medo de mergulhar naquele mar completamente escuro. Nem a lua havia dado as caras naquele dia. Mas depois de alguns instantes pulei na água, e por um momento achei que estivesse em um sonho ou um filme. Olhei para os meus pés e meu corpo mexendo embaixo d’água enquanto eles eram envolvidos por uma chuva de bolinhas brilhantes. É algo completamente diferente do que se pode imaginar, é libertador, lindo, mágico e único. As foto abaixo não são minhas nem foram tiradas naquele dia, mas dá para ter uma ideia de como é a cena que você vê na hora.

(Foto extraída do Google)

(Foto extraída do Google)

Voltei para o barco para dormir, e aqui vai outra dica importante, principalmente para a mulherada. O banheiro do barco é minúsculo, e não possui chuveiro. Peça para seu guia um pouco de água da torneira em um balde para tirar o excesso de sal do corpo antes de dormir. Esqueça o banho e qualquer tipo de conforto, o que pra mim, àquela altura do campeonato e pico de adrenalina que eu estava por tudo que estava vivendo nas últimas horas, não fazia muita falta.

Acordei um pouco antes do dia amanhecer, infelizmente o céu estava encoberto por nuvens, que ainda assim não conseguiram tirar a paz e a beleza do amanhecer ali. Serviram um café da manhã com torradas, ovos mexidos, manteiga, geleias, leite, café, chocolate e banana, o que para mim podia ser considerado 5 estrelas, rs.

Por volta das 7h voltamos para a praia para aproveitar mais um pouco e tirar mais umas fotos antes que a turistada começasse a tomar conta do local, o que acontece por volta das 8, 9 horas da manhã.

(Foto clássica do grupo)

(Detalhe para a cor da água)



O Maya Bay Sleep Aboard ainda é um tour desconhecido por grande parte dos turistas que visitam as ilhas Phi Phi. Por 100 dólares você passa a noite na praia e no valor está incluído jantar, café da manhã, empréstimo do snorkel, e água e frutas frescas à disposição o tempo todo dentro do barco. Não leve sua mochila grande ou malas. Você pode deixar sua bagagem no escritório da agência na ilha principal, assim não gasta uma diária a mais em hostel. Eles trancam as malas num compartimento reservado, é seguro, mas sempre deixe cadeado em tudo para garantir e claro, nunca deixe objetos de valor dentro da mochila. Tranquei minhas duas bagagens e não tive qualquer problema. Para o tour, já vá vestido com roupa de banho/praia e leve apenas uma mochila de mão com uma toalha, uma muda de roupas confortáveis para dormir e outra roupa de banho/praia. Se você é comilão extra, também vale comprar uns petiscos na ilha principal antes e levar na mochila. Não é um passeio barato para quem viaja com o dinheiro contado, mas eu recomendo, de verdade, não o perca por nada. Vale cada minuto. Aquela noite me fez rever muitos conceitos acerca do que eu pensava sobre felicidade e sobre aprender a viver. Gostei tanto da praia que voltei lá dois dias depois, para passar uma tarde.

Espero ter ajudado,

Abraço=)



16 comentários:

  1. Muito bom!!! me senti lá! Seus textos são excelentes! Já inclui no meu roteiro!

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    1. Ana Claudia, muito obrigada mais uma vez, fico feliz que curtiu. Você vai se apaixonar pelo lugar, é incrível!

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  2. Estou extasiada como seu relato, Pauline!!! *.*
    Se antes já estava nos meus planos, depois de ler o seu relato é certo que vou a Maya Bay!

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  3. Obrigado Pauline pela partilha e por todas as outras dicas deixadas aqui no blogue.

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  4. Pauline, amei seu relato!
    Iremos para Tailândia em abril/2015 e esse passeio já está no roteiro, mas lendo o seu relato me senti lá, fiquei com vontade de ir logooo!
    Acredito que estar num lugar assim não dá a mínima vontade de ir embora né?!
    Obrigada!

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    1. Helirin, que bom que curtiu o relato, obrigada! A Tailândia é demais e realmente não da vontade de ir embora!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Adorei seu relato! Já estou agendando o passeio pelo site e vou com meu marido em março/2015! Deixa eu tirar uma dúvida: essa parte do balde de água doce, é tranquilo mesmo de pedir? Eles têm água doce suficiente para todos os 25 passageiros? Outra dúvida: que horas termina o passeio? Obrigada!!

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  7. Oi Marcela, que bom que curtiu, obrigada! Eles tem um pouco de água doce no barco mas nunca é uma garantia de que haverá para todos. Se nao quiser abrir mao da agua doce de jeito nenhum melhor levar uma garrafa de 2l cheia para tirar o excesso do sal. Não há conforto algum no passeio em si, o grande atrativo é o espetáculo da praia mesmo. O barco retorna a koh phiphi dom por volta das 9, 10 da manhã. Boa sorte e boa viagem!

    Abraço :)

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    1. Obrigada, Pauline! Acho que vou fazer isso mesmo. Sou super piniquenta com sal! rs

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    2. Tem um barzinho na Maya Bay que vende água em garrafinhas, mas é vem mais caro. Neste caso eu se fosse vc encheria 2 garrafas de 2l e levaria numa mochila extra, ja q vai estar com o marido nao fica tanto trambolho pra uma pessoa só carregar.

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  8. Oi Pauline,

    O único motivo para eu estar indo pra Phi Phi mês que vem é esse passeio, eu tinha planejado 3 dias lá, mas agora estou considerando fazer apenas esse passeio e partir pra Railay Beach. O que você acha?

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    1. André,

      Eu nao curti tanto Railay Beach. Tem uma parte bonita e tal mas um dia la pra mim foi muito mais que suficiente. Ela é lotada de turistas e nao achei tao excepcional como diziam os relatos. Phiphi tem mais
      estrutura, eu amei. Da pra curtir agito em uma praia, se quiser mais sossego tem a praia do outro lado, subir no view point para ver o por do sol, eu ficaria mais tempo em PhiPhi.

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  9. Oi Pauline! Seu relato é o amis completo sobre esse passeio que vi até agora. Vc viu alguém com câmera subaquática filmando ou fotografando os planctons? Dizem que é bem difícil de fotografar e realmente não acho muitas imagens

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